Amor e Sexo para os Jovens no século XXI: um
desafio para os pais
Autora: Carla Lettier
No século XXI vivemos
tempos de Aids, drogas e violência. Como afirma o sociólogo Zigmund Baumann, na
pós-modernidade o amor é líquido e os relacionamentos se tornaram conexões. Se
algo nos desagrada, simplesmente nos desconectamos. Se alguém nos desencanta,
simplesmente o bloqueamos. Vivemos em
uma época em que tudo pode se tornar produto, até mesmo o amor e,
principalmente, o sexo. Ele não depende mais dos jogos de olhares apaixonados
e doces descobertas sobre o outro; apenas de um match em um
aplicativo. Tider, Pof e muitos outros. O sexo está literalmente ao
alcance de nossas mãos. O amor, esse já nem tanto!
A geração Y e os jovens do milênio-que sucederam essa geração- cresceram assistindo à banalização do sexo na TV, nas músicas, nos vídeos do YouTube, na moda e nos cinemas. Essas gerações parecem não ter freio para se entregar ao prazer. Tudo para eles é imediato. Para eles, Se não aproveitarem o momento, perdem uma oportunidade de serem felizes. Mas será que sabem mesmo ser feliz? Paradoxalmente, o uso de drogas, remédios controlados e de suicídios entre os jovens cresce assustadoramente demostrando que o prazer fugaz não traz felicidade. Esses jovens sentem um imenso vazio e buscam fora de si , aquilo que lhes falta dentro. Em meio aos perigos que essa tal pós-modernidade apresenta, nós, os pais, estamos assustados nos perguntando como orientar nossos filhos a serem felizes e usar o sexo como ele realmente é: uma energia maravilhosa à serviço da vida e da criação.
Embora não exista uma fórmula mágica, podemos imunizá-los para que não sofram tanto. Algumas vacinas são simples, mas altamente eficazes em proteger dos tropeços da vida. A primeira delas se chama amor. Sim, amor! Mas o amor do dia-a-dia. Dar presentes pode até ter a intenção de transmitir amor, mas presentes são coisas e não sentimentos. Porém, o amor que os filhos querem e necessitam se transmite nos pequenos gestos. Com atenção, com abraços, com os olhos cheios de lágrimas nas apresentações da escola. Também se transmite pelas broncas, mas somente aquelas que precedem uma explicação razoável e não aquelas do tipo " eu quero porque quem manda aqui sou eu".
Outra vacina
importante é a autoconsciência. Ela se constrói com muita paciência e por meio
do diálogo franco e aberto. Ao falar sobre sexo não devemos ter pudores. Não
devemos julgar e nem proibir. Devemos sim provocar a reflexão sobre si e
sobre o mundo. E seguir perguntando: o que você acha sobre isso ou sobre
aquilo? Por que você acha isso? Você pode se surpreender percebendo que seu
filho ou filha é mais maduro do que imaginava e descobrir que temas
aparentemente polêmicos como homossexualismo, aborto, etc. podem
render ricas discussões e aprendizado, se forem temperados com
respeito e com algumas leituras. Crianças e adolescentes são seres curiosos e,
se não encontrarem em casa um espaço aberto para sanar suas
dúvidas, buscarão as respostas mudo afora e essas elas nem sempre serão de
graça. As respostas podem até ter o preço da dor.
Outra importante vacina é a do respeito ao si e ao próximo. Ensinar um jovem ou uma jovem que ele (a) deve se respeitar não significa fazer um voto de castidade eterno, mas que somos mais do que um corpo que apenas dá e recebe prazer. Ensinar a ouvir o próprio coração e a ter cuidado com o coração do outro, especialmente quando queremos algo tanto, mas o outro não quer tanto assim. Por último, a imunização dos jovens também deve incluir a responsabilidade, aquilo que bem cedo tentamos explicar a eles, mas que devemos reforçar até o início da vida adulta. Responsabilidade é a compreensão de que toda escolha na vida tem consequências e só devemos seguir um caminho quando estamos preparados para assumir o que dele resultar.
Não há nenhuma garantia de que essas “vacinas” irão imunizar nossos filhos contra as dores do mundo e tornarão nossos filhos adultos felizes e realizados. Encontrarão bons parceiros? Terão suas próprias famílias? Terão filhos na hora certa? Serão bons pais? Não sabemos. Como diz a sabedoria popular, o futuro a Deus pertence. Mas ensinando-lhes como amar a si mesmo e a se respeitarem eles saberão fazer bom uso de seu livre árbitro para tomar decisões sensatas que os guiarão vida afora. Sem culpas e sem medos, façamos o nosso melhor e deixemos nossas sementes nas mãos do Pai para que germinem na hora certa, floresçam e deem bons frutos.
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