NOSSOS HORÁRIOS

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terça-feira, 2 de junho de 2015

PARABOLA DO FILHO PRODIGO


Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. “Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.

Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos. Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.

“Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’. A seguir, levantou-se e foi para seu pai.

“Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou.
“O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’. “Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar o seu regresso.

“Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança. Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’.

“O filho mais velho encheu-se de ira e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!’

“Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que celebrar a volta deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ “.

Costumes da época relevantes nesta parábola:

A antecipação da herança. Esse pedido equivalia a desejar a morte do patriarca, uma falta tão grave que poderia ser punida com o apedrejamento.
Mesmo diante daquela humilhação, o patriarca concorda com a solicitação do filho.
O pródigo rapidamente vende seus bens, parte para uma terra distante. Lá, dilapida o patrimônio e se vê obrigado a cuidar de porcos, algo absolutamente degradante para a época. E em razão da fome que se abate na região, passa a tentar se alimentar da comida destinada a esses animais.
No auge do seu sofrimento, ele “cai em si”. E a dor, qual uma ferramenta pedagógica, faz sua consciência despertar. Arrependido, ele decide buscar o perdão do pai.

No episódio do retorno à casa, a sutileza da sabedoria de Jesus impressiona: o patriarca, um homem de andar lento e solene, corre em direção ao filho, abraça-o e beija-o no rosto, na frente de todos. Aquela cena chocante contrariava todas as tradições do patriarcado.
Por amor ao filho, porém, o pai se humilha perante a aldeia naquele gesto público. No momento em que o pai corre em direção ao filho, abraça-o e beija-o, a sabedoria do Cristo está querendo nos mostrar que o restabelecimento dos laços primordiais, a religação, a “religião” entre Deus e os homens é algo direto, imediato, sem interferências de qualquer natureza.


O pai então manda trazer para o filho egresso sandálias e um anel, objetos utilizados apenas por membros da família, jamais por empregados, sinalizando que a reconciliação era plena. Ele estava sendo aceito novamente como filho, e não como mero serviçal.

Ao perceber que as festividades se deviam ao retorno do irmão mais novo, o mais velho “se enche de ira”, e se recusa a entrar na casa e receber os convidados, como ordenava a tradição.
“Então o pai saiu e insistiu com ele”.
Considerando tratar-se do futuro patriarca, de quem se espera uma postura de liderança e justiça, aquelas eram faltas tão graves quanto o pedido de antecipação de herança.

Preguiçoso, o filho mais velho se queixa de ter trabalhado muito — nas terras que seriam suas; ingrato, ele reclama não ter recebido sequer um cabrito — que “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu”. Naquela sociedade, era impensável que um patriarca precisasse se justificar a um filho, sobretudo publicamente, em meio a um desrespeitoso arroubo de fúria.
Novamente por amor, o pai se humilha perante toda a comunidade em atenção ao filho mais velho.
Note que, de acordo com a narrativa, este estava no campo quando percebeu a movimentação. É alegórico o fato de ele não estar em casa. O seu comportamento indica que jamais esteve realmente na “casa do Pai”.

Por várias razões, somos levados a nos deter nos erros do filho pródigo, muito embora ambos os filhos estejam igualmente perdidos em seu egoísmo, cada um à sua maneira. O primeiro, por rejeitar a providência do pai e fragilizar as estruturas mais fundamentais da comunidade; o mais velho, pelo chauvinismo velado e pela postura farisaica.

O Pai, por sua vez, preocupa-se apenas com uma única regra, a do amor. Sem maniqueísmos nem preferências.

Nada deve ser interpor na relação entre o Pai e seus filhos.
De forma sublime, o Cristo nos mostra que não importa no que você acredita, mas como você vive.
O que “estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado”, em verdade,  o vigor de Seus ensinamentos.
 Deus na figura do pai tem paciência com seus filhos pecadores. O pai descrito na parábola é muito paciente com o absurdo que o filho mais novo fez. Ele não estava preocupado com os bens materiais que se perderam, mas com o crescimento do filho. Esse pai soube esperar o filho crescer e se arrepender de seus pecados. A paciência de Deus visa dar tempo para cairmos em si e nos arrependermos dos nossos erros. Deus nos recebe de braços abertos quando somos humildes e nos arrependemos.

Como o filho mais velho, muitas vezes focamos no menos importante ao invés do mais importante. Observe que o filho mais velho fica extremamente preocupado com sua própria justiça e zelo e com os bens materiais que seu irmão desperdiçou, achando-se superior. Estava tão cego que não conseguia enxergar a conversão de seu irmão, pelo contrário, dá a entender que preferia que seu irmão permanecesse no mundo. 

Deus ama tanto os seus filhos que já O servem, quando aqueles que ainda agem contrários à Sua vontade. A parábola do filho pródigo mostra a grandeza do amor de Deus.

Deus reparte por igual entre seus filhos o potencial da perfeição, um início igual na condição de simples e ignorante, o mesmo livre-arbítrio e rigorosamente as mesmas leis, que regerão sua evolução do início ao fim do caminho. Nenhum de nós foi privilegiado no início da jornada, jamais o foi desde então e de modo algum o será daqui para frente.

Por que um dos filhos reclamou sua parte da herança e o outro, não? Por que um decidiu afastar-se do pai e buscar seus próprios caminhos e o outro permaneceu junto do pai a obedecer a suas ordens? Será que o mais velho era mais sensato, mais evoluído?

O  comportamento do filho mais novo nos é por demais conhecido. Quantos de nós já agimos assim no passado? Quantos ainda agimos assim? Quantas pessoas, nas mais diversas classes sociais, ouvimos por aí dizendo que a vida é para se aproveitar? “Estamos aqui para sermos felizes”, é o que pensam, e buscam a felicidade nos prazeres fugazes que a vida material propicia, embriagando seus sentidos em uma frenética procura por mais e mais emoções sem jamais ficarem saciados. Assim são os prazeres materiais. Quanto mais deles gozamos mais deles sentimos falta. E quando irá acabar essa espiral, aparentemente sem fim? Ensina-nos o Mestre que ela acaba quando o filho mais novo “entra em si”. No clímax da sua insatisfação, quando as respostas que procurava fora de si, nada mais tinham a lhe informar, o filho pródigo voltou-se para dentro, entrou em meditação, começando, então, a mais importante viagem, aquela em que partimos em busca do autoconhecimento.

Quando ele empreendeu, afinal, a viagem de volta para a casa do pai, ele já era um homem transformado, um homem voltado para o  lado espiritual da vida. Já tendo provado tudo o que a vida material podia lhe oferecer e tendo concluído que não era nela que residia a sua felicidade, ele foi firme em sua convicção: voltaria para a casa do pai mesmo que fosse para ser seu servo, isto é, para fazer as mais humildes tarefas. Assim se sente aquele que realmente escolheu o caminho espiritual. Quem escolhe tal caminho é humilde, não procura postos elevados, não deseja ser conhecido, quer passar desapercebido dos outros quando envolvido em tarefa nobre, quer ser não mais que um simples servo na casa de seu pai. E, quanto mais humilde o Espírito é na veste humana, mais enaltecido é por Deus na espiritualidade. É aí que entendemos a alegria do pai com o retorno do filho e a festa que lhe preparou. O momento da transformação do filho é um momento glorioso, pois ele “estava morto e reviveu.

LE – 785 – Qual é o maior obstáculo ao progresso?
R: O orgulho e o egoísmo. .... É assim que tudo se tem no mundo moral como no mundo físico e que do mal mesmo pode surgir o bem. Mas esses estado de coisas é breve e mudará, à medida que o homem compreenda melhor que há, fora dos prazeres dos bens terrenos, uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável.

LE – 913 – Dentre os vícios, qual o que se pode considerar como radical?
R: Nós o dissemos muitas vezes: é o egoísmo: dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos está o egoísmo. Inutilmente os combatereis e não conseguireis extirpá-los enquanto não houverdes atacado o mal em sua raiz, não houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços, portanto, tendam para esse objetivo, porque ai está a verdadeira chaga da sociedade. Todo aquele que quer se aproximar, desde esta vida, da perfeição moral, deve extirpar de seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.

ESSE – Cap. 11 – O egoísmo: ...porque é preciso mais coragem para vencer a si mesmo do que para vencer os outros. Que cada um, pois, coloque todos os seus cuidadospara combater em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade, e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.

A carga de nossos erros impede-nos que nos cheguemos à Sua presença, mas Ele desce até nós, acerca-se de nossas almas penitentes, toma-nos em Seus braços, dá-nos o ósculo de perdão, e, todo ternura, acolhe-nos em Seus domínios. Pai amantíssimo que é, “não quer a. morte do filho mau e ingrato, mas sim que ele se converta, que abandone o mau caminho, e viva”.
Lição mais consoladora e suave do que esta não há em todo o Evangelho.

Ninguém se perde, pois não há culpas ir­reparáveis!
Em nosso relativo livre arbítrio, podemos dilapidar, na satisfação de bastardos apetites, as riquezas que nos foram concedidas pelo doador da Vida.
Virão depois, entretanto, os efeitos dolo­rosos, e com eles o arrependimento e a resolu­ção de emendar-nos.
É quando Deus, que lê os nossos mais recônditos pensamentos, vem ao encontro de nosso esforço individual, e, harmonizando os ditaxnes de Sua justiça com a superabundância de Sua misericórdia, enseja-nos, através das reencarnações, os meios de reabilitar-nos, de redimir-nos e de retornarmos, infalivelmente, à glória inefável de Sua companhia.

Fontes:
Livro dos Espíritos, Cap. VIII – Lei do Progresso, Cap. XII – Do Egoísmo,
Evangelho Segundo Espiritismo – Cap.11 – O egoísmo
Parabolas Evangélicas – Rodolfo Calligaris


http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_asparabolasdeJesus.htm

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